Somos bons marinheiros?
por Matheus Vieira
Lendo poetas, pensadores e escritores dos mais variados
gêneros, percebi que é comum buscarem explicar a vida por metáforas. Dentre as
que conheço, gosto especialmente de uma, que diz que a vida é como um barco a
vela que Deus nos dá quando nascemos.
De acordo com essa metáfora, ao nascer Deus nos dá um barco
a vela e como utilizamos esse barco é como vivemos nossa vida. A maioria das
pessoas, envaidecidas por terem ganhado um presente do próprio Deus, deixa seu
barco em uma pequena e rasa lagoa. É uma boa maneira de cuidar do barco. Por
vias das dúvidas, muitos ainda jogam uma ancora. Assim, tem-se a certeza que
nada de ruim acontecerá com o barco. Ele não afundará, não baterá em nada, e
nada fará dano ao barco. Muitos anos podem se passar e o barco estará lá, como
novo!
O que esquecem é que o próprio tipo de barco (a vela) já
indica que ele, para cumprir sua função, necessita de vento, de águas para
navegar. E isso ele não conseguirá em uma lagoa. Fernando Pessoa já sabia disso
e a prova é o trecho de sua poesia que diz: “Deus ao mar o perigo e abismo deu,
mas nele é que espelhou o céu”.
Muitos na ânsia de cuidar do seu barco, de não deixar nada de
ruim lhe acontecer, acabam não navegando. Muitos, por medo de sofrer na vida,
acabam não vivendo.
A pergunta que podemos nos fazer é: no fim de tudo, Deus
preferiria ver que seu presente foi utilizado à exaustão, mesmo que ele se suje
e estrague um pouco? Ou preferiria ver o presente novo, “na caixa” e sem ser
utilizado?
Reflexão interessante. A zona de conforto nos dá muita segurança, mas também limita nossos passos.
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